O segundo filho pode mexer com as emoções dos pais. Esta decisão faz com que os gastos e a preocupação aumentem, enquanto o tempo diminui e o casamento fica em terceiro plano. Isso significa que não se deve engravidar apenas porque o mais velho precisa de companhia, para ter um filho de outro sexo ou, ainda, porque a família-padrão tem duas crianças. Como mais uma criança na casa dá bastante trabalho, se os pais não estiverem realmente dispostos, é difícil encarar o segundo tempo.
Mas, antes de desistir de engravidar novamente, saiba que com jogo de cintura é possível contornar os obstáculos. No final, todos saem ganhando. As primeiras mudanças ocorrem na conta bancária. Enquanto o filho é um bebê, os gastos são menores. Ganham-se muitos presentes, como fraldas e roupas. O leite materno, não bastasse ser o melhor alimento para o bebê, é de graça! E os pais que guardaram itens do enxoval do primeiro filho economizam mais ainda. Mas as cifras aumentam à medida que os bodies RN são deixados para trás.
A escola é uma das vilãs das finanças. "Para a classe média, a educação tem um alto custo. Por isso mesmo, os pais sabem que outro filho resultará numa grande diferença no orçamento", diz a psicóloga Patrícia Spada.
Um segundo filho não significa, portanto, apenas "colocar mais água no feijão", como diziam nossas avós. É preciso pensar no espaço físico, no investimento escolar, em quem vai tomar conta da criança, só para citar alguns dos arranjos. Mudanças que exigem planejamento para não fechar os meses no vermelho. Mas não pensem que riqueza é sinônimo de pais melhores. "Se a família não estiver estruturada emocionalmente, não será o dinheiro que vai resolver os problemas", afirma Patrícia.
Existe melhor hora para iniciar o segundo round? Alguns adiam a segunda gravidez a fim de curtir bastante os primeiros anos do bebê em casa. Assim, quando o primogênito estiver mais independente, têm a oportunidade de viver tudo outra vez com o recém-nascido. "Mas o que é considerado divertido por muitos, como amamentar, dar banho ou fazer o bebê dormir, para outros é cansativo. Por isso, o momento ideal para aumentar a família vai depender da curtição de cada um", afirma a terapeuta familiar Daniela da Rocha Paes Peres.
A expectativa pela chegada do segundo filho vai depender de como foi a experiência com o primeiro. "É natural que os pais queiram fazer tudo diferente e melhor", diz o terapeuta familiar Paulo Fernando Pereira de Souza. O jeito é segurar a ansiedade, porque a segunda gravidez não será como a primeira e nenhuma criança será igual à outra.
Não existe receita de bolo. Um ingrediente, porém, vai deixar tudo mais saboroso: a sua experiência. Como vocês já sabem, por exemplo, que não será necessário esterilizar a casa inteira, vão aproveitar mais as delícias de ter um bebê em casa. "As preocupações aumentam, é verdade, mas a satisfação também", diz a terapeuta.
Espera de 18 meses
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De acordo com pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association, a espera deve ser de pelo menos 18 meses: intervalos menores aumentam as chances de parto prematuro, nascimento de bebês com baixo peso ou pequenos demais para a idade gestacional.
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A gravidez e o pós-parto debilitam o organismo feminino. Além da falta de nutrientes, como ferro e sais minerais, a mulher tem a musculatura enfraquecida, principalmente, se não tiver feito exercícios. "Uma gravidez muito próxima da outra pode prejudicar o segundo bebê, que não realizará todo seu potencial de desenvolvimento", diz o ginecologista Abner Lobão. Mães que tiveram gêmeos ou passaram por gravidez de risco devem esperar cerca de dois anos.
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